
Como enganar o tempo:
- Deborah Klabin

- 10 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
(Outubro de 2015)
Pega na minha mão e não solta. Porque quando você está perto, é feito ter quinze anos e estar apaixonada.
Chega a ser patético.
E quando você não está é ridículo... Ser uma adulta, com todos os pensamentos desviados pra você está longe da razoabilidade.
Pega na minha mão e vamos tomar um sorvete depois do jantar. Isso só pro dia não acabar.
Vamos enganar o tempo.
É só não reparar que já passou da meia-noite.
Se continuarmos juntos, vai clarear, e amanhã não vai virar mais amanhã, já que não dormimos, vai continuar sendo hoje.
O sono é que muda o calendário e faz o correr dos dias. Por isso que ao seu lado raramente quero dormir.
Se a gente nunca mais dormir, tudo vai ser o um eterno domingo.
Não solta a minha mão, porque minha vontade é de compensar todo o tempo que ficamos longe, ficando perto.
Preciso recuperar o passado, aproveitar o presente e nutrir nosso futuro.
Por ora tem um vôo entre a gente.
Mais um.
Mais uma sexta-feira que fujo do escritório, passo correndo de salto alto por um saguão de aeroporto -que mais parece um manicômio.
Então pega na minha mão e não solta, porque quero chegar até a praia da reserva cantando alto com você.
Quero descansar exausta ao seu lado, de mãos dadas na areia. E quero despertar com você perguntando " vamos dar um mergulho?"
“É lógico que sim”.
Você sabe que essa é a única resposta que te dou: "lógico que sim".
Se estivéssemos nadado até aquela ilha, você ia pegar minha mão com força e gritar “um dois três e….”.
Pulamos.
Silêncio.
Afundamos de mãos dadas.
Vi seu sorriso por trás das bolhas de ar.
Ficamos submersos por alguns segundos.
Subimos pra respirar.
Juntos.
De mãos dadas.
Se dependesse só de mim, a vida seria um domingo infinito assim, de mãos dadas com você pra sempre.
Então... pega na minha mão e não solta. Nem agora e nem nunca mais.

















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