Domingo à noite (RJ, agosto de 2013)
- Deborah Klabin

- 13 de jul.
- 1 min de leitura
Atualizado: 19 de jul.
“Eu queria te entender melhor
mas não quero saber dos seus amores passados”, foi o que você disse. E que sem ele -seu passado- não havia como te alcançar.
Então eu fiquei ali,
entre a vontade de mergulhar
e o medo de afundar nas suas memórias.
Você, com os olhos densos de vida,
me contou que nada é dispensável
quando se trata de entender o outro.
Mas eu queria tanto que fosse…
Queria você como uma página em branco.
mas você é uma pintura inteira,
caótica, e ainda assim a coisa mais linda
que já quis pendurar dentro de mim.
você perguntou se eu queria mesmo te entender.
eu hesitei.
e você, sussurrando,
confessou que também não sabia se queria.
entre o medo e o desejo,
nos perdemos em pausas longas e verdades fracionadas.
Talvez a gente só se encontre no silêncio
entre uma frase e outra. No vão entre o que espero e o que você é.
“amar também cansa”, você disse.
Mas mesmo assim, ficamos.
porque no meio do cansaço,
no caos, na bagunça —
há algo que pulsa, que ainda chama pelo nome um do outro quando o domingo escurece devagar.
E eu só queria que o amor fosse leve.
E você só queria ser aceito com as sombras.
Então ficamos ali,
tentando nos caber nas brechas da compreensão.
Não sei se basta.
Mas é o que temos antes que a segunda-feira nos leve embora.

















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