Um texto sobre odiar meus próprios textos.

Era um almoço despretensioso -mentira. Nem eu nem ele estávamos ali com boas intenções. Mas fazia parte do jogo.

Pedi uma salada. Ele, uma carne.

A conversa foi ótima, até que ele falou desse blog.

Eu sempre esqueço que esse blog existe, simplesmente porque nunca entro e só comprei o domínio e fiz os trâmites disso tudo porque o meu técnico de informática achou uma boa. Ele disse “faça uma página. Pode ser um bom back up”.

Acontece que não é um bom back up porque eu nunca salvo novos materiais aqui, mas sim no bloco de notas do meu celular. É mais simples e bem pensado.

Bom, mas voltando ao almoço, ele disse que leu alguns textos daqui. Eu achava que nem tinha qualquer coisa salva aqui, mas ele disse que gostou do que leu.

Ele também é jornalista e escritor, o que faria o elogio ter peso dois.

Mas não. Foi o oposto.

A tal síndrome do impostor é um furacão impossível de parar.

Algumas semanas depois, ele perguntou por que não atualizei com nenhum novo texto?

Não soube dizer na hora, mas sabia exatamente a razão:

Eu não gosto do que escrevo. Não falo isso para que digam “ah, para de besteira, você escreve bem!”. Volta e meia releio textos antigos e penso como tive coragem de publica-los.

Mas, se eu não gosto do resultado final do que faço, por que o faço?

Por uma razão simples: escrever é  o ato mais coerente que conheço. Desde os homens das cavernas, criar símbolos que representam coisas, e juntas essas coisas formando mensagens, é de uma beleza estonteante.

Escrever permitiu que o mundo prosperasse, se entendesse, chegasse à formulação de uma carta magna.

Então é isso. Escrever é a minha forma de organizar sentimentos e reunir meus instintos mais primitivos, que ainda se comunicam marcando mãos em cavernas, com a Deborah que gosta de escrever sobre os mais diversos temas, desde que não tenha que assina-los.

Me despeço aqui de mais um texto que, em um futuro proximo não vou gostar.