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Medo bobo

Atualizado: 19 de jul.


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Uma mulher que sofreu a vida toda com a paralisante fobia de avião, procurou ajuda em um palestrante/guru/coach/psicólogo que falava sobre a “cura” de medos enormes. 

Concluído o curso, ela, então, escreveu um relato inesperado sobre o que aprendeu.

“ O primeiro passo para superar um medo consiste em saber se, de fato, você quer abrir mão da história que mais gosta de contar, e, com isso, se desprender de parte significativa de sua identidade”. 

Quando procurou o tal profissional, esperava passar por longos discursos de autocomiseração, mas acabou recebendo o extremo oposto: a verdade nua, crua e nada fácil de digerir.

As maiores de nossas dores talvez nos definam mais do que todas nossas mais potentes virtudes. Elas se tornam parte determinante do que somos de tal maneira,que parece impossível abrir mão delas. 

Quem não tem um amigo -ou não é o próprio- narrador de algum episódio de amor ingrato, de alguma decisão judicial  desfavorável ou de tragédia familiar? 

A história -sem novidades-, que ninguém mais quer ouvir, mas que parece impossível de ser apagada.

Há algo sádico em tudo que dá errado. Nossas paixões e frustrações costumam ser mais complexas e cheias de detalhes  do que os acontecimentos calmos e bem sucedidos: Essa tonelada de lixo sentimental não acrescenta nada além de noites mal dormidas, músicas depressivas, mensagens de texto vergonhosas e porres constrangedores. 

As tais histórias que “renderiam um livro” não servem para nada. Jamais virariam um livro. Não merecem documentação. 

Precisamos parar a vã batalha que tenta tornar o passado tão interessante quanto achamos que foi. 

A graça da vida está no presente: um dia intencionalmente feliz, encontros com pessoas que fazem bem, conversas construtivas. Lógico que o passado também tem a graça das memórias bonitas, como as de amores bons, dos laços de longa data e também os recentes surpreendentes e valiosos, dos momentos com amigos e família. 

A felicidade é ativa, presencial e nem sempre vem de graça. É preciso buscá-la e cultivá-la.

A omissão das rédeas do próprio destino é infantil, vazia.

Se deixar “largado à própria sorte” deságua na condução de uma existência regida por vontades alheias. 

Seja como for, a existência calma, serena e poética é cultivada dia-a-dia. E muitos presentes calmos e felizes acabam por construir um monumento sem medos, bonito e acolhedor.

 
 
 

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